Esse foi um dos temas abordados
no seminário A Implementação do Acordo Ortográfico Brasil-Portugal, promovido
pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), que aconteceu no Teatro Ciee,
em São Paulo, no dia 14 de dezembro, quando a notícia ainda não havia sido
anunciada pelo governo.
Estiveram presentes, o
presidente da Academia Paulista de Letras (APL), Antonio Penteado Mendonça; o
presidente da Academia Paulista de História (APL) e coordenador do evento, Luiz
Gonzaga Bertelli; os professores e membros da Academia Brasileira de Letras
(ABL), Evanildo Bechara e Arnaldo Niskier; e a jornalista, professora e
editora de opinião do Jornal Correio
Brasiliense, Dad Squarisi.
Assunto comum aos
palestrantes foram os maus-tratos à língua portuguesa (LP), além de questões
sobre as razões que motivaram as alterações do Acordo de 1990, as críticas, os
seus benefícios, bem como a polêmica envolvendo a implementação, efetivamente.
Abrindo as discussões,
Antonio Machado lembrou que a LP é a terceira língua ocidental mais falada no
mundo (ficando atrás apenas do inglês e do espanhol) e que ainda não é uma
língua oficial da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na sequência, Bertelli
abordou, brevemente, questões históricas, abrindo espaço para Bechara, que
lembrou que a ortografia surgiu por necessidades pedagógicas. Com um discurso
favorável ao Novo Acordo, ressaltou vantagens da unificação ortográfica, como as
necessidades política e cultural de difusão da língua, e rebateu as principais críticas
feitas.
Segundo o professor, na
visão de Portugal, esta seria uma tentativa brasileira de colonizar o país
(isto é, uma neocolonização de Portugal), mas ele explica que, primeiramente, “o
Acordo de 1990 se molda pelo de 1945 (Portugal) e que procura diminuir as
distâncias entre este e o de 1943 (Brasil)”.
Bechara também rebateu críticas
sobre o adiamento da implantação, que vêm, sobretudo do movimento Acordar
Melhor, do qual faz parte o professor Ernani Pimentel. Um dos argumentos
contrários é o de que não adianta implementar agora, pois, futuramente, haveria
a necessidade de correções. No entanto, para Bechara, “os excessos só aparecerão
com o uso” e todos, inclusive professores e alunos, já o estão colocando em
prática. E, finaliza: “Nenhuma língua do mundo apresenta ortografia ideal”.
A Revista Língua Portuguesa
deste mês de janeiro, faz o levantamento das principais ressalvas do movimento
Acordar Melhor contra o novo acordo. Destacamos algumas:
Estender com s e extensão, x?
Água-de-coco com hífen e suco de uva, sem?
Nova Guiné sem hífen e Timor-Leste e Guiné-Bissau,
com?
Duas
grafias aceitas para uma mesma palavra: bi-hebdomadário
e biebdomadário?
Paraquedas, paraquedista
e paratudo sem hífen, mas para-raios e para-sol, com?
Para-raios e para-sol
com hífen, mas contrarregra e contrassenso com rr e ss,
sem?
Há
duas grafias corretas para pré-embrião
e preembrião, com ou sem hífen, mas
uma só para pré-embrionário, com
hífen?
Guarda-chuva e manda-tudo
têm uma grafia com hífen obrigatório, mas mandachuva
está correto sem e com hífen (manda-chuva)?
Água-de-colônia com hífen e água de cheiro, sem?
Pé de botina, pé
de sapato, pé de chinelo sem
hífen e pé-de-meia, com?
Uma
grafia para preeleger, sem hífen,
mas duas em: pré-eleito/preeleito, pré-eleição/preeleição.
E vocês, já estão usando o
novo acordo e por dentro das regras? O que acham do adiamento e das críticas do
Acordar Melhor? Fazem sentido?