Conheça as principais ressalvas do movimento que contribuiu para o adiamento do novo acordo

No Brasil, a implementação das novas regras ortográficas estava prevista para janeiro de 2013. No entanto, uma medida adiou a vigência obrigatória do novo acordo para 31 de dezembro de 2015.

 

 
 
Esse foi um dos temas abordados no seminário A Implementação do Acordo Ortográfico Brasil-Portugal, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), que aconteceu no Teatro Ciee, em São Paulo, no dia 14 de dezembro, quando a notícia ainda não havia sido anunciada pelo governo.
 
Estiveram presentes, o presidente da Academia Paulista de Letras (APL), Antonio Penteado Mendonça; o presidente da Academia Paulista de História (APL) e coordenador do evento, Luiz Gonzaga Bertelli; os professores e membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), Evanildo Bechara e Arnaldo Niskier; e a jornalista, professora e editora  de opinião do Jornal Correio Brasiliense, Dad Squarisi.
 
Assunto comum aos palestrantes foram os maus-tratos à língua portuguesa (LP), além de questões sobre as razões que motivaram as alterações do Acordo de 1990, as críticas, os seus benefícios, bem como a polêmica envolvendo a implementação, efetivamente.
Abrindo as discussões, Antonio Machado lembrou que a LP é a terceira língua ocidental mais falada no mundo (ficando atrás apenas do inglês e do espanhol) e que ainda não é uma língua oficial da Organização das Nações Unidas (ONU).
 
Na sequência, Bertelli abordou, brevemente, questões históricas, abrindo espaço para Bechara, que lembrou que a ortografia surgiu por necessidades pedagógicas. Com um discurso favorável ao Novo Acordo, ressaltou vantagens da unificação ortográfica, como as necessidades política e cultural de difusão da língua, e rebateu as principais críticas feitas.
 
Segundo o professor, na visão de Portugal, esta seria uma tentativa brasileira de colonizar o país (isto é, uma neocolonização de Portugal), mas ele explica que, primeiramente, “o Acordo de 1990 se molda pelo de 1945 (Portugal) e que procura diminuir as distâncias entre este e o de 1943 (Brasil)”.

 
Bechara também rebateu críticas sobre o adiamento da implantação, que vêm, sobretudo do movimento Acordar Melhor, do qual faz parte o professor Ernani Pimentel. Um dos argumentos contrários é o de que não adianta implementar agora, pois, futuramente, haveria a necessidade de correções. No entanto, para Bechara, “os excessos só aparecerão com o uso” e todos, inclusive professores e alunos, já o estão colocando em prática. E, finaliza: “Nenhuma língua do mundo apresenta ortografia ideal”.

A Revista Língua Portuguesa deste mês de janeiro, faz o levantamento das principais ressalvas do movimento Acordar Melhor contra o novo acordo. Destacamos algumas: 
 
Estender com s e extensão, x?

Água-de-coco com hífen e suco de uva, sem?

Nova Guiné sem hífen e Timor-Leste e Guiné-Bissau, com?

Duas grafias aceitas para uma mesma palavra: bi-hebdomadário e biebdomadário?

Paraquedas, paraquedista e paratudo sem hífen, mas para-raios e para-sol, com?

Para-raios e para-sol com hífen, mas contrarregra e contrassenso com rr e ss, sem?

Há duas grafias corretas para pré-embrião e preembrião, com ou sem hífen, mas uma só para pré-embrionário, com hífen?

Guarda-chuva e manda-tudo têm uma grafia com hífen obrigatório, mas mandachuva está correto sem e com hífen (manda-chuva)?

Água-de-colônia com hífen e água de cheiro, sem?

Pé de botina, pé de sapato, pé de chinelo sem hífen e pé-de-meia, com?

Uma grafia para preeleger, sem hífen, mas duas em: pré-eleito/preeleito, pré-eleição/preeleição.


E vocês, já estão usando o novo acordo e por dentro das regras? O que acham do adiamento e das críticas do Acordar Melhor? Fazem sentido?